segunda-feira, 17 de março de 2008
Crítica de Cinema: Irina Palm
Calem-se, por favor.
Dirigido por Sam Garbarski, e estrelado por Marianne Faithfull (cantora e atriz britânica, ex-mulher de Mick Jagger), estreou esta semana em Salvador "Irina Palm". O filme conta a história de Maggie, mulher de meia-idade que face ao desespero de ver o neto doente e não ter dinheiro para custear o tratamento, passa a trabalhar num clube privê em Londres. O trabalho de Maggie consiste em masturbar homens por meio de um buraco na parede. Competente, faz nome e torna-se uma estrela no bordel.
Irina Palm trata de temas delicados: a relação entre mãe e filho, o preconceito e a hipocrisia de uma pequena cidade inglesa e as possibilidades que uma mulher que nunca havia feito nada de relevante em sua vida ao chegar à casa dos 50 anos.
Agora já posso explicar o título deste texto. Pela sinopse do primeiro parágrafo e também pelo seguinte, pode-se perceber que se trata de um drama, evidentemente constrangedor. Ou alguém se sentiria à vontade em ver a sua mãe masturbando homens através de um pequeno buraco? O público, contudo, ria e conversava copiosamente. A falta de educação, tão freqüentemente observada em espaços públicos, soma-se àquilo que acredito ser a mais fácil fuga ao constrangimento provocado pela delicada história: ri-se para mostrar aos outros que não se está desconfortável. E ri-se alto, conversa-se, comenta-se, como se estivesse numa mesa de bar. Aquele riso constrangido e nervoso - acredito - não surge da graça, mas tão-simplesmente da dificuldade que temos - uns mais, outros menos - de encarar os dramas dos outros, que poderiam ser - ou são - também nossos.
É lamentável que até os toques de humor, tipicamente british, passem desapercebidos por uma platéia ávida pela riso fácil, e alto, que lhe provoca a simples menção à expressão "bater punheta". Felizmente, porém, Sam Garbarski encara a história de Irina Palm como ela deve ser vista: o sofrimento e a descoberta de uma mulher sobre as possibilidades que a vida ainda pode lhe oferecer, a despeito das amarras que família, amigos e sociedade tentam lhe impor. Será que podemos re-escrever o perfil dos nossos personagens no roteiro da vida que levamos?
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